Pois bem, eles conseguiram algumas mudanças até que bem razoáveis, mas mudanças são muito diferentes de transformação, e a sociedade continua capitalista, consumista, hipócrita, etc. Deixo claro que, na minha humilde opinião, enquanto houver Estado não haverá igualdade entre homens.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Socialismo de merda!
Pois bem, eles conseguiram algumas mudanças até que bem razoáveis, mas mudanças são muito diferentes de transformação, e a sociedade continua capitalista, consumista, hipócrita, etc. Deixo claro que, na minha humilde opinião, enquanto houver Estado não haverá igualdade entre homens.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Bosta Real
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Bota Pra Fuder!
Isso é o que eu chamo de botar pra fuder. A deputada estadual pelo Rio de Janeiro Cidinha Campos fala sobre "os que mamam". Ela fala que todos os deputados são omissos. Critica, bate e xinga de ladrão o Deputado José Nader que se "auto" indicou para uma vaga no Tribunal de Contas.
Crítica
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Diário de um repórter policial
Um dia eu também quero ser o zôto e vou querer que todo mundo se foda.
Celso Felizardo Zôto.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Todo dia é um pouco de tudo que ainda não foi
As paredes do quarto me encaram, tornam o ambiente tenso e azul
A mente parece boiar por aí
Igual a um balão
A mão direita ocupada com o copo
A esquerda com o cigarro
Um trago antes do gole
E o gole, que é bem do ligeiro
Vem logo atrás do trago!
São companheiros pra caralho
As horas passam e pouca coisa muda;
A posição em que se está muda:
Uma coceira no olho...
O peidar do cu...
O espirrar do nariz...
Uma câimbra na perna...
Matar uma mosca sobre a mesa?
Pode ser...
Depois acorda curvado e percebe
Que o dia já amanheceu
O cachorrinho já acordou
E a rotina do lado de fora da porta
Te aguarda pra mais um dia de terror
Cabeça, membros, entranhas e tronco
Temos rios, matas, estradas
Ladrões, bandidos, canalhas, filhos da puta
Médicos e religiosos
Vulcões
Anjinhos, santos, sapos e leões
Micos dourados
Nós somos prédios, casas, barracos
Feitos de um pouco de ar, pedra, água ,suor, sacanagem, peido e fogo
Somos sarjetas, campos de futebol
Cocô e mijo
Campos minados e de batalha
Temos tapetes luxuosos
Outros nem tanto
Outros tantos, farrapos
Somos em um só cães e gatos
Temos partidas e muitas chegadas
Viagens eternas
Sonhos rasantes
Somos elevadores e escadas
Temos descidas, temos ladeiras e as porras das subidas
Tudo numa coisa só
Cabeça de televisão
Ouvidos de rádio
Pés de esteira rolante
Mãos de maçaneta
Barrigas de descarga
E as mentes sempre insanas
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Nereu
Nereu gostava da escuridão. Trancava-se em seu quarto desde pequeno, e imaginava estar dentro de uma caverna. Era um morcego. Era um monstro. Era louco. Depravado. Um maldito doente adorador do escuro. Nereu era filho de pais ricos e muito maus. Pais maus, filho doente. Pais bons, filhos mais doentes ainda. Nereu ia bem na escola. As notas eram boas, eu quis dizer. Porque na verdade Nereu era sozinho. Não tinha amigos, nem namorada. Quando estava na 5ª série apaixonou-se por uma freira velha e tetuda que usava preto. Irmã Catarina, diziam. Os adultos diziam que Nereu se tratava de um belo garoto. Diziam que ele tinha um rosto bonito e bem desenhado. Os adultos insistiam que ele era realmente um garoto bonito: cabelos castanhos, queixo quadrado, mas não exagerado, queixo pequeno e quadrado, então, nariz grande e reto (perfil grego (não era um legítimo narigudo)), bochechas chupadas, olhos fundos e grandes olheiras eternas. Não era grande, mas ia bem nos esportes: natação, futebol, e artes marciais. Mas não sabia andar de bicicleta e tinha pavor de escadas. Maldita Lei de Murphy entrou em ação. Nereu. Ah, pobre Nereu. Ele era apaixonado por música. Mas era péssimo na porra da música. Desengonçado com um violão. Faltava técnica para os instrumentos de sopro (apesar do bom fôlego). Nos de percussão? TERRÍVELMENTE SEM RITMO! Desilusão atrás de outra. A idade foi chegando. Um dia ela chega néh, vamos assim dizer. Aliás ela está dentro do nosso gene aquela porra. Com 15 levou sua primeira surra, bêbado na rua. Com 18 nunca tinha comido ninguém. Com 23, nada de faculdade. Aos 25, primeiro emprego? Sem amigos sempre. Aos trinta, os troféus continuavam empoeirados no quarto da mansão que morava com os pais, no Colina Verde, em Ribeirão Preto. A mãe sempre com roupas de perua ou roupas de academia fazendo implantes e metendo com gigolôs da Praça Sete de Setembro. Nereu cuidava também de uma iguana que se chamava Balalaika. Ela ficava em um aquário, meio que enrolada em um galho envernizado. Embaixo de Balalaika, miniaturas de um sofá, duas poltronas e uma TV. O título da Recreativa de Ribeirão amassado feito dinheiro de bêbado dentro de uma caixa de recordações com umas moedas antigas, um pente, uma embalagem de camisinha, um caco de vidro e um soco inglês. A pele branca igual à neve (certamente nunca enfrentava o sol impiedoso de Ribeirão Preto). Nereu, ei Nereu. SEU FILHODUMAPUTA, dizia o pai. Tinha tudo, diziam, para ser o CAMPEÃO. O MÉDICO. O CESAR CIELO. No mínimo um administrador, veterinário ou advogado. DONO DE BOTEQUIM!!! Mas ele era...um puta de um vagabundo tentando viver em paz, em seu mundo. Abandonado e eternamente cobrado por seus pais. Já era rico mesmo, num precisa trabalhar nem nada... Bebia compulsivamente, sozinho. Fumava pra caralho. Ficava vendo pornografia na internet o tempo todo. E lia muito (Thich Nhãt Hanh, Gilberto Dimenstein, Machado de Assis, Günter Wallraff, Paulo Coelho, Fante, Drummond, Guilherme Sakuma). Passou a cuidar de bonsais, mas ninguém sabia. Viajava muito pouco. O pai achava que o filho era veado e louco. Não curtia a vida. Diziam. O filho da mãe não sabe viver, pensavam. Buzinavam o tempo todo. Nereu, com seu escudo de plenitude e escuridão e senso de ‘quesefodatudoetodos’, num dava nem pelota. Mexia os ombros desdenhando. Sempre voltava para o quarto. Ficava lá, jogava vídeo-game, brincava com Balalaika, bebia, fumava, pouco se fodendo com o resto. Ar condicionado no talo. Dizia pra si próprio”FODA-SE O MUNDO”! Desastrado o coitado. Fodido. Puto da vida. Com certa razão. Mas desastrado, sabe como é que é néh... Hoffman...Newton e tudo mais. Chegou o dia em que Nereu, desistiu da música, desistiu da Balalaika, desistiu de desistir da vida. Tentou se encorajar, e, desgraçadamente conseguiu. Ganhou uma BELA de uma grana com a morte dos pais que bateram as botas após um acidente de automóvel na rodovia Anhanguera. O pobre motorista (que consequentemente tornara-se vilão (igual aconteceu com o piloto dos Mamonas)), levou a culpa. Porra, não viu aquela poça d’água, ao lado extremo esquerdo da pista, muito perto da trincheira de concreto que divida as pistas? O carro rodopiou no asfalto molhado por conta da poça d’água e na sequência foi atropelado por um Scania gigantesco, veloz e pesado. No velório dos pais, Nereu pouco chorou no Cemitério da Saudade. Na verdade apenas o pouco que chorou foi por pena: pena dos pais de merda com vidas de merda que ele tinha, pena de si mesmo, pena dos mendigos e dos psiquiatras. Mas pena, um sentimento terrível de pena. Mas também foi só. Depois que fecharam o caixão e enfiaram aquela merda dentro da gaveta do jazigo Nereu sentiu-se aliviado e de bem com a vida. Reparou nos pássaros. Observou o movimento dos galhos das árvores contra o vento. Espiou o sol lá em cima fervendo sua mente de ideias totalmente miseráveis. Bocejou.
A morte dos coroas então veio em boa hora. Com a grana (algo em torno de R$ 17 milhões), primeiramente matriculou Balalaika na escola de circo da avenida Caramuru (um antigo sonho da estimação), vendeu a mansão no Colina Verde e comprou um rancho às margens do rio Pardo. Ah merda, vendeu os carros do velho (eram três, e de marca) e comprou um Uno 1995 cor cinza (totalmente desbotado), com os bancos furados e cinto de segurança vagabundo e bem questionável. Na primeira noite só, pendurou-se em sua rede da varanda do rancho, besuntou-se de repelente, acendeu um cigarro e ficou bebendo sua primeira garrafa de vinho em paz, esperando tranquilamente o resto da vida.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Hipocrisia Gordurosa
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Minorias parte 2
Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual. Olha que interessante. Logo logo o sujeito vai poder ser homossexual por formação.
- Qual a sua formação dr. Euclides Pederneiras?
- Pós-doutorado em Homossexualidade com ênfase em relações entre primos e incesto.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Falso Moralismo Universal
Ontem fui assistir Senhor das Armas, cortaram a cenas das russas, e mais algumas pornóticas. Que bosta. Garanto se fizessem um vídeo de algum padre abusando de uma criança mostrariam em HD, câmera lenta, e o escambal. Falso moralismo do caralho viu.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Dicas de sobrevivência
Pensando nas minorias, lê-se esquimós, judeus, e sei lá...mais esquimós e mais judeus, mais judeus que esquimós, vou postar um guia prático de sobrevivência.
Esquimó - Se você estiver abaixo de zero grau, em cima de uma placa de gelo, nunca, mas nunca mesmo, mije no chão. Você corre o risco de transformar seu pau em um picolé com bolas.
Judeu - Se você estiver em um campo de concentração, nunca, mas nunca mesmo mije em uma cerca elétrica. Sua trolha circuncisada vai virar uma linguiça de porco. E como judeu não come porco, você nunca mais vai usar pra nada sua linguça brûlée.
Em breve, mais dicas de sobrevivência neste admirável mundo novo.
Pesadelo Mitológico nº3
Lembranças de uma mente insana
Essa rotina repetiu-se praticamente todos os dias da semana durante o ano de 1995, quando eu tinha 11 anos. Nessa época eu estava na quarta série e estudava no Colégio Vita et Pax, que traduzindo do belga para o português significa Vida e Paz (quase o oposto do que se via lá dentro)... descobri a pólvora hein! Enfim, estudava nessa escola de freiras belgas, situada no mesmo bairro onde passei minha infância, o Jardim Recreio, zona oeste de Ribeirão Preto. Um bairro alternativo para os desavisados e o local onde eu me sinto mais em casa. Minha grande casa ‘recreana’. Bom, estudava lá e nesse período eu estudava à tarde e todos os dias antes de ir para a escola sentar meu rabo na careteira sem conseguir entender metade das coisas que os professores falavam, eu passava na casa do meu amigo Benísio. Benísio (já falei sobre essa peça em alguns outros artigos e contos e crônicas e poemas) vivia em uma família extremamente religiosa. Eles eram Testemunhas de Jeová. O pai de Benísio era alcoólatra e dono de um supermercado na Vila Tibério. A irmã mais nova só cuidava da beleza e sonhava em ser noiva (era loira, magra e bonita). A mãe era onipresente. E o irmão mais velho é o comedor de macarrão dessa incrível lembrança. O negócio é que eu passava lá e o comedor de macarrão, cujo o nome eu não vou divulgar por provável processo futuro, então vou chamá-lo aqui apenas de V. Bom, eu sempre chegava lá e o V. estava sempre sentado de frente pra televisão. Geralmente ele vestia um macacão azul totalmente ridículo, com botões prateados, e usava na cabeça um boné igualmente estúpido com a imagem do Mickey gravada na frente. A aba reta. Sentado no sofá assistindo ao programa do Chaves ou Chapolin, com um prato de MACARRÃO sobre uma almofada, localizada em seu colo. V. comia sempre como um porco e eu ficava esperando o Benísio se arrumar. Eu costumava ficar na mesma sala onde ficava V. e suas especiarias macarronescas, enquanto o Benísio se arrumava em seu quarto demorando ‘horas’ para pentear o cabelo com gel. V. pesava em torno de 120 quilos, quilos e quilos de pura gordura proveniente de anos à fio alimentando-se só de macarrão. Macarrão à bolonhesa, macarrão ao molho branco, macarrão com sardinha, macarrão com cuzinho de galinha cortado em tiras finas. Enfim, macarrão. Não sei por que diabos ele ficava sempre comendo o maldito macarrão, geralmente bolonhesa, curvado sobre o prato, comendo de forma grotesca, sugando os fios de macarrão que chacoalhavam muito no trajeto até a boca. Emitindo ruídos do inferno e rindo alto. A boca de V., por sua vez, era feia, redonda, e SEMPRE lambuzada de molho, assim como o queixo, as bochechas protuberantes, pescoço e orelhas. Então ele ria. Ria e sugava aquela merda de macarrão espirrando molho pros lados. Vez ou outra um pedacinho de carne com molho voava e grudava em meu braço. Quando isso acontecia, eu limpava o braço porcamente no sofá de couro da família religiosa. Vez ou outra o retardado (que se achava muitíssimo esperto e inteligente), colocava macarrão dentro do motor da caminhonete do pai, acreditando que o alimento faria crescer o automóvel, transformado-o em caminhão. E eu sempre esperando meu amiguinho Benísio se arrumar pra irmos para a escola. Resultado: o comedor de macarrão acabava me deprimindo mais do que eu já era (e sempre digo, nunca aparentei ser (cara de criança feliz)), aguçando minha revolta e minha vontade de não fazer absolutamente nada da vida. Lembro bem que quase repeti de ano em 1995...
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Uma tarde no Morumbi
Sou péssimo com datas, mas era uma tarde ensolarada de algum sábado perdido no segundo semestre de 2010. Meu sogro sugeriu a mim e a minha namorada que fossemos ao Morumbi ver São Paulo x Goiás. O time goiano era o lanterna do campeonato brasileiro. Ruim pra cacete.
- Ah, se não ganhar dessa merda aí não ganha de ninguém.
A Bruna é corinthiana e não entende nada de futebol, mas concordou. A última vez que eu tinha ido ao Morumbi foi no campeonato paulista de 1995 para assistir um frustrante São Paulo 0x0 São José.
Mas naquele sábado eu sabia que seria diferente. O tricolor estava embalando, era a chance de encostar nos líderes! Então, meu sogro nos deu uma carona até o Morumbi. Fila pra todo lado, gente pra todo lado, bagunça. Depois de alguns minutos perdidos eu e a Bruna conseguimos achar a fila certa pro ingresso. Meia hora na fila, gente fumando maconha na nossa frente, uns manés cortando a frente dos outros, mas beleza. Compramos o ingresso e fomos pra arquibancada azul.
Na entrada, a visão foi linda. 18 mil tricolores gritavam. O jogo já tinha começado. Entusiasmo total! Bola rolando, tricolor atacando. Quase gol umas três vezes. A cada gol perdido a torcida se empolgava ainda mais. Aquilo era uma coisa linda. Até a Bruna está empolgada com tanta animação da torcida.
Contra ataque do Goiás e gol deles. Fico de pé, assim como toda a torcida são-paulina e grito “São Paulo” com toda força. Outro gol do time verde. Novamente fico de pé e grito pra apoiar meu time. Terceiro gol daquela bosta e eu levanto para falar todos os palavrões que eu sei. Depois de repetir todos por uma três vezes comecei inventar palavrões novos.
Fim do primeiro tempo. Do meu lado direito a minha namorada corinthiana está rindo. Se eu não pretendesse casar com ela em breve teria dado um tapa bem no meio da cara! Ia aprender a rir do meu time lá na pqp. Do meu lado esquerdo a independente canta uns hinos de guerra. Na minha frente um cara reclama com a torcida que está quieta e acha que todo mundo tem que gritar. Mesmo que os jogadores já tenham saído de campo. Agora ele começa a xingar a própria torcida. Além de chato é débil mental.
Começa o segundo tempo. O São Paulo ataca, massacra, chuta, e a merda da bola não entra no gol daquele desgraçado do Harlei. “Venho no Morumbi e esse velho caquético desse goleiro caga na minha boca”, pensei. Xingo o Harlei de todos os palavrões – inclusive os recém inventados. Xingo o juiz, que não apita uma merda de um pênalti sequer. Xingos os jogadores também. Descontrole total.
De onde tiraram esse Tiago Carleto? Ele não corre, não acerta nenhum passe de dois metros muito menos um cruzamento. Desejo muito sinceramente que ele morra. E que a família dele também morra. Desgraçado. Quem contratou esse pereba? O resto da torcida são-paulina parece concordar comigo. Começou a chover. Agora sim, ficou bom.
Jogo no finalzinho e a Bruna já está com pena de mim e dos outros 18 mil torcedores abençoados que pagaram ingresso pra ver aquela bosta. Ela está torcendo pro São Paulo! Lamenta as chances perdidas no final do jogo. E ainda escapa de levar uma bicuda na cabeça.
Fim de jogo. A essa altura a Bruna tenta me mostrar que a vida ainda é bela. Do outro lado a Independente ameaça matar todo mundo. O cara da frente está xingando os outros torcedores, que por sua vez também o xingam. Por que ninguém chuta a cara desse retardado até ele calar a boca? Desgraçado.
Vamos pra um shopping lá perto nos entregar ao capitalismo do Mcdonalds. Antes, porém, vou ao banheiro mijar. Só tem são-paulino lá. Pelo menos uns 30 nego com a camiseta do tricolor. Nisso, entre um moleque de uns 12 anos com a camiseta do Corinthians. Todo mundo olha pra ele, ele olha pra todo mundo. Nunca tinha visto na vida uma criança com uma expressão de terror tão absurdamente grande. Antes de qualquer um falar alguma coisa ele sai correndo. Desesperadamente! Todo mundo ri. Pelo menos alguma satisfação pessoal eu teria que ter nesse dia, né...
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Afinando a violinha, o início
Por Maria Cristina Kaiser
Esta é uma história real.
Menina de prédio na capital Curitiba, mas com raízes de no nortão do meu Paraná, “pé vermeio”, nascida em Wenceslau Braz , com quase 5 quilos de pura jaguarisse, vinha nos fins de ano, férias escolares passar com a minha vozinha, dona Irene, senhora bondosa e arteira como eu, e meu vô, que não era vô, por que Irene ficou viúva com apenas 22 anos, minha idade atual, mas com a filha nos braços, minha mãe, dona Rosane, religiosa (faz bolo e canta parabéns pra Jesus no Natal) e professora didicada. Deu que por fim casou-se novamente cinco anos depois com o mineirinho mais trambiqueiro que Pedro Malazarte, Seu José Elver de Moraes, ou simplesmente o Zé.
O Zé, não vô, por que ele sempre dizia que era o Zé. Acabou por Zé para os netos de criação e Fabiano para os conhecidos. O estranho é o Fabiano que ninguém sabe de onde veio. Foi um sujeito que me ensinou inúmeras peripécias, contador de casos como ele só, contava os que ouvia em versões aprimoradas, e os que inventava nas noites sem luz, ou à luz de “querosena”, do sítio da vozinha. Eram inúmeros.
Eu ficava sempre com as orelhas em pé aos seus contos, até mesmo quando ele estava entre homens contando barbaridades de arrepiar os cabelos do saco. Ouvi ele falar inúmeras vezes a expressão,por ele criada, afinar a violinha...
Que diabos afinal era afinar a violinha? Eu que não fui perguntar. Passei a infância ouvindo sem saber, até que um dia, mais crescida, fui ouvir mais uma vez atrás da porta da sala, e foi então que descobri o que era a indecente expressão. Atrás da porta, eu ria tanto, mas tanto, que as espionagens foram descobertas. Depois de muitos anos descobri que afinar a violinha era nada mais do que tocar punheta, descabelar o palhaço, bronha, dar no macaco, debulhar a espiga, debulhar o milho, descascar a mandioca, descascar o palmito, fazer o palhaço chorar, estrangular o sabiá, enfim, masturbação. Coitado do meu irmão, quando demorava no banheiro, logo eu gritava: “Tá afinando a violinha!”.
Eita seu José Elver heim! deve estar contando seus famosos causos lá no céu, ensinando as anjinhas a afinar as arpas e os anjos a afinar as violinhas.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Mulher vá e não peques mais
De pai para filho
-Paiê! –disse, já impaciente.
-Oi filho...-respondeu Amadeu de forma quase sonolenta, sem tirar os olhos do jornal matinal.
-Mamãe morreu? -perguntou.
-Não, meu filho, mamãe está dormindo, ela está cansada. –respondeu.
-Não papai, não...tá saindo sangue da mamãe. TÁ VAZANDO TUDO SANGUE DA PERERECA DELA! VOCÊ MATÔ A MINHA MÃE! –berrou. Amadeu começou a rir.
-É apenas a menstruação da mamãe meu filho...
-Quê? –perguntou Juca com cara de ponto de interrogação, de imediato.
-É, as mulheres, uma vez por mês, sangram pela perereca. É como se estivesse trocando óleo de carro, sabe filho. A galinha não bota ovo? A vaquinha não dá leite? Então... As mulheres soltam sangue da perereca. Não tem nada de mais. Isso é natural, é normal...
- Isso é muito feio e nojento pai, isso sim!
- Mas filho, a vida não é tão bonitinha quanto você pensa... lá fora é foda... sabe, além dos pássaros, das borboletas, das piscinas de bolinha, que você adora, existem também os mandruvás, as plantas carnívoras, as universidades, os estupradores e...
Juca interrompeu:
- Quê isso pai??? Estrupadões??? – perguntou. Amadeu, já meio alto, riu novamente e depois respondeu.
- Olha filho, não se fala ‘estrupadões’, mas sim, estupradores, é uma palavra difícil, mas com significado fácil fácil. Estuprador é um cara que soca a pica em alguém, na maioria das vezes mulheres, sem que elas queiram...sexo forçado e...
-Puta merda pai, você é um estrupadão? Por que a mamãe ta toda sangrada... –insistiu.
-Não cacete, já disse... sua mãe está menstruada...
-Seu estrupadão! –provocou Juca.
-Seu boca suja do caralho! –irritou-se- Já disse seu merdinha duma figa que sua mãe está MENSTRUADA! Entendeu? Eu não fiz nada pra ela. É SÓ SANGUE SAINDO DA BOCETA! E já te disse também, seu moleque porra loca dos infernos, pra você parar com essa boceta desses palavrões!!!
-Mas pai, você fala coisa feia o dia inteiro... fala coisa feia e bebe esse negócio aí... você é boca suja e um fidaputa...- bateu de frente Juca com a coragem de um cavaleiro medieval.
Amadeu perdeu a paciência e não respeitou o cavaleiro medieval que era seu filho de um metro de vinte de altura e cabelo castanho enroladinho. Amadeu já estava quase bêbado. Depois de fincar a mão na cara do moleque, aconselhou-o e pediu-o um favor não muito delicado, como sempre o fazia.
-Escuta aqui Juquinha filho duma putinha... sua mãe ta menstruada, sangrando da boceta... seu papai trabalhou a semana toda e está cansado, querendo ler apenas um jornalzinho... sabe, você tem que parar com esse caralho desses palavrões... palavrão, bebida, meteção e cigarro isso é tudo coisa de gente grande... você ainda é um pequenino garoto infernal de férias dentro de um apartamento aconchegante, pra não dizer mínimo, e que não para um minuto de fazer perguntas imbecis... puta que pariu filhinho dos infernos, você vai deixar o papi beber a vodca dele em paz?
Cinco segundos de silêncio.
- Sabe pai –começou a falar Juca, com o rosto vermelho e os olhos também vermelhos de choro, soluçando, dessa vez mais calmo e sério- Você sempre bebe esse negócio, fica bravão, me dá tapa na cara e fala coisa feia... eu ainda te acho um fidaputa do calaiu...
Bravo, porém desiludido e triste com a frase de Juca, Amadeu entendeu que precisava mudar. Foi até a cozinha, despejou o resto de vodca fora, na pia. Lamentou sua vida de merda e coçou a bunda na sequência. A barriga pendia sobre a bermuda velha. Aquela pança pálida e flácida. Pensou na tabela periódica. Aquele caralho. Por alguns segundos odiou Dmitri Mendeleiev. Odiou eternamente todos seus alunos desgovernados e idiotas e brincalhões. Depois disso abriu a geladeira e pegou a garrafa de rum que estava pela metade. Deu um belo gole no gargalo e voltou pro seu jornal. Amadeu mudou da vodca para o rum em uma fração de segundos.
Minha singela apresentação
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Obituário do Rock
Começa hoje o obituário do rock, onde vou prestar homenagem à 30 ícones do rock que fizeram a passagem para o outro lado. Neste dia 2 de fevereiro, faz 32 anos da morte de Sid Vicious, e 14 anos sem Chico Science.
2/2/1979
Morre o baixista do Sex Pistols, Sid Vicious (John Simon Ritchie-Beverly, Londres, 10 de Maio de 1957 — Nova Iorque, 2 de Fevereiro de 1979). Ele foi encontrado morto no banheiro da casa de sua mãe, em uma festa após ter saído da prisão. Motivo: Overdose de heroína. Most people believe that his ashes were scattered on Nancy Spungen's grave in the King David Cemetery in Philadelphia. A maioria das pessoas acreditam que suas cinzas foram espalhadas sobre o túmulo de Nancy Spungen, no King David Cemetery em Filadélfia.
2/2/1997
Um acidente de carro mata Francisco de Assis França, mais conhecido como Chico Science (Olinda, 13 de março de 1966 — Recife, 2 de fevereiro de 1997), um dos principais colaboradores do movimento manguebeat em meados da década de 1990. Líder da banda Chico Science & Nação Zumbi, deixou dois discos gravados: Da Lama ao Caos e Afrociberdelia.
Abaixo, segue uma carta de Renato Russo, publicada no Melody Maker, da Inglaterra, sobre a morte de Sid Vicious. Na edição de 31 de março de 1979, quase um mês depois da morte de Sid Vicious, do Sex Pistols, o lamento de um certo Eric Russel foi escolhido carta da semana. Abaixo, a carta e a tradução.
"Acho que meu pai sabia, ele provavelmente viu na TV ou leu nos jornais, mas não me contou. Um amigo me disse e eu não acreditei. Tive que ligar para meu professor de violão e perguntar se ele tinha ouvido alguma coisa. Aconteceu numa sexta-feira, mas eu só soube da notícia domingo à noite. Nada me atingiu do jeito que a morte de Sid me atingiu. Chorei a noite toda, e era como uma espécie de grito, doloroso, não só por Syd, mas por tudo. Perdi completamente o controle de mim mesmo. Sabe, nada acontece aqui, nunca. Eu sempre recebo as notícias duas semanas atrasado. Não se lança nada de new wave (ou qualquer outra coisa boa que interesse) aqui, eu tenho que comprar importados no Rio. Tudo é discoteca, Travolta ou samba.
Quando a coisa do punk começou, eu e meus amigos entramos de cabeça porque alguma coisa estava acontecendo. Nos envolvemos com a música como não acontecia desde os Beaties e os Stones. Era diferente. Sid, John e o Clash, eram todos heróis. Eles pensavam do jeito que a gente pensava; nem mesmo o Airplane (Jefferson Airplane, grupo psicodélico formado em São Francisco, no auge do flower power) tinha batido tão perto em mim. Dava um certo medo, era como dividir alguma coisa, não era apenas ser um fã burro. (...) Ele morreu por causa do que era. E como Brian (Jones, guitarrista dos Stones), Jim (Morrison, vocalista dos Doors) e Gram (Parsons, ex-The Byrds, pioneiro do country rock que morreu em 1973, de uma overdose de morfina e tequila, em Joshua Tree, Califórnia), as pessoas só vão entender depois de alguns anos. Alguns vão esquecer, outros não, alguns já esqueceram, mas quando um herói éde verdade (eu digo herói mesmo), ele sobrevive. Aposto que alguém vai rir lendo isso. Pode rir, você não entende. (...) Eu cresci milênios de 75 para cá. Mas ainda tenho 18 anos. Vejo as coisas um pouco diferentes agora, e odeio... Mas vou passar por isso e não vou perder (ganhar) como Sid Vicious fez. E eu vou fazer por ele porque ele fez por mim.”
Eric Russel, Brasília (GANHADOR DO LP)