quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lembranças de uma mente insana

1- O comedor de macarrão

Essa rotina repetiu-se praticamente todos os dias da semana durante o ano de 1995, quando eu tinha 11 anos. Nessa época eu estava na quarta série e estudava no Colégio Vita et Pax, que traduzindo do belga para o português significa Vida e Paz (quase o oposto do que se via lá dentro)... descobri a pólvora hein! Enfim, estudava nessa escola de freiras belgas, situada no mesmo bairro onde passei minha infância, o Jardim Recreio, zona oeste de Ribeirão Preto. Um bairro alternativo para os desavisados e o local onde eu me sinto mais em casa. Minha grande casa ‘recreana’. Bom, estudava lá e nesse período eu estudava à tarde e todos os dias antes de ir para a escola sentar meu rabo na careteira sem conseguir entender metade das coisas que os professores falavam, eu passava na casa do meu amigo Benísio. Benísio (já falei sobre essa peça em alguns outros artigos e contos e crônicas e poemas) vivia em uma família extremamente religiosa. Eles eram Testemunhas de Jeová. O pai de Benísio era alcoólatra e dono de um supermercado na Vila Tibério. A irmã mais nova só cuidava da beleza e sonhava em ser noiva (era loira, magra e bonita). A mãe era onipresente. E o irmão mais velho é o comedor de macarrão dessa incrível lembrança. O negócio é que eu passava lá e o comedor de macarrão, cujo o nome eu não vou divulgar por provável processo futuro, então vou chamá-lo aqui apenas de V. Bom, eu sempre chegava lá e o V. estava sempre sentado de frente pra televisão. Geralmente ele vestia um macacão azul totalmente ridículo, com botões prateados, e usava na cabeça um boné igualmente estúpido com a imagem do Mickey gravada na frente. A aba reta. Sentado no sofá assistindo ao programa do Chaves ou Chapolin, com um prato de MACARRÃO sobre uma almofada, localizada em seu colo. V. comia sempre como um porco e eu ficava esperando o Benísio se arrumar. Eu costumava ficar na mesma sala onde ficava V. e suas especiarias macarronescas, enquanto o Benísio se arrumava em seu quarto demorando ‘horas’ para pentear o cabelo com gel. V. pesava em torno de 120 quilos, quilos e quilos de pura gordura proveniente de anos à fio alimentando-se só de macarrão. Macarrão à bolonhesa, macarrão ao molho branco, macarrão com sardinha, macarrão com cuzinho de galinha cortado em tiras finas. Enfim, macarrão. Não sei por que diabos ele ficava sempre comendo o maldito macarrão, geralmente bolonhesa, curvado sobre o prato, comendo de forma grotesca, sugando os fios de macarrão que chacoalhavam muito no trajeto até a boca. Emitindo ruídos do inferno e rindo alto. A boca de V., por sua vez, era feia, redonda, e SEMPRE lambuzada de molho, assim como o queixo, as bochechas protuberantes, pescoço e orelhas. Então ele ria. Ria e sugava aquela merda de macarrão espirrando molho pros lados. Vez ou outra um pedacinho de carne com molho voava e grudava em meu braço. Quando isso acontecia, eu limpava o braço porcamente no sofá de couro da família religiosa. Vez ou outra o retardado (que se achava muitíssimo esperto e inteligente), colocava macarrão dentro do motor da caminhonete do pai, acreditando que o alimento faria crescer o automóvel, transformado-o em caminhão. E eu sempre esperando meu amiguinho Benísio se arrumar pra irmos para a escola. Resultado: o comedor de macarrão acabava me deprimindo mais do que eu já era (e sempre digo, nunca aparentei ser (cara de criança feliz)), aguçando minha revolta e minha vontade de não fazer absolutamente nada da vida. Lembro bem que quase repeti de ano em 1995...

5 comentários:

Beatriz Diniz Junqueira ♥ disse...

:P repugnante X nojento hihihihih......Adorei xoxo

Celso Felizardo disse...

HAHAHA, pqp, tem que dar pão com bosta pra esse fdp comer pra variar o cardápio

Antônio Altvater disse...

Cara, essa eu tive o prazer de escutar ao vivo. kkkkkkk.

Lucas disse...

A essa altura já deve ter morrido por problemas ligados a gordice.

Gabi Caubi disse...

Meu Deus! já sei quem sao v., benício e sua irma loira!

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