sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Afinando a violinha, o início


Por Maria Cristina Kaiser

Esta é uma história real.

Menina de prédio na capital Curitiba, mas com raízes de no nortão do meu Paraná, “pé vermeio”, nascida em Wenceslau Braz , com quase 5 quilos de pura jaguarisse, vinha nos fins de ano, férias escolares passar com a minha vozinha, dona Irene, senhora bondosa e arteira como eu, e meu vô, que não era vô, por que Irene ficou viúva com apenas 22 anos, minha idade atual, mas com a filha nos braços, minha mãe, dona Rosane, religiosa (faz bolo e canta parabéns pra Jesus no Natal) e professora didicada. Deu que por fim casou-se novamente cinco anos depois com o mineirinho mais trambiqueiro que Pedro Malazarte, Seu José Elver de Moraes, ou simplesmente o Zé.

O Zé, não vô, por que ele sempre dizia que era o Zé. Acabou por Zé para os netos de criação e Fabiano para os conhecidos. O estranho é o Fabiano que ninguém sabe de onde veio. Foi um sujeito que me ensinou inúmeras peripécias, contador de casos como ele só, contava os que ouvia em versões aprimoradas, e os que inventava nas noites sem luz, ou à luz de “querosena”, do sítio da vozinha. Eram inúmeros.

Eu ficava sempre com as orelhas em pé aos seus contos, até mesmo quando ele estava entre homens contando barbaridades de arrepiar os cabelos do saco. Ouvi ele falar inúmeras vezes a expressão,por ele criada, afinar a violinha...

Que diabos afinal era afinar a violinha? Eu que não fui perguntar. Passei a infância ouvindo sem saber, até que um dia, mais crescida, fui ouvir mais uma vez atrás da porta da sala, e foi então que descobri o que era a indecente expressão. Atrás da porta, eu ria tanto, mas tanto, que as espionagens foram descobertas. Depois de muitos anos descobri que afinar a violinha era nada mais do que tocar punheta, descabelar o palhaço, bronha, dar no macaco, debulhar a espiga, debulhar o milho, descascar a mandioca, descascar o palmito, fazer o palhaço chorar, estrangular o sabiá, enfim, masturbação. Coitado do meu irmão, quando demorava no banheiro, logo eu gritava: “Tá afinando a violinha!”.

Eita seu José Elver heim! deve estar contando seus famosos causos lá no céu, ensinando as anjinhas a afinar as arpas e os anjos a afinar as violinhas.

2 comentários:

Celso Felizardo disse...

Vejam o que um marido do século XXI tem que aguentar. Se fosse em 1968, quimava o sutiã, ela, e toda uma fábrica cheia de mulheres dentro. Onde esse mundo vai parar!

Felipe Campos Peres disse...

HUuhasuhahusahushuashuahsuahsuaush!!! Não posso dizer nada mais que uma bela história!!! caralho, afinar a violinha ahusuhsuhasuashuahusausuhahus puta merda bom pra caramba Cris!!!!

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